O ano de 2020 não será para amadores. Você está preparado?
Confira abaixo 5 dicas que vou te dar sobre tendências gastronômicas baseadas em fatos e outros acontecimentos de grande repercussão.
O ano de 2019 foi marcado por uma liberação de agrotóxicos expressiva. A lista divulgada pelo Ministério da Agricultura em outubro/19 explicita 382 agrotóxicos passíveis de utilização. Entre os 96 ingredientes ativos liberados no Brasil em 2019, 28 não são liberados ou possuem registro na União Européia, segundo levantamento da Folha.
O que interessa, especialmente a nós consumidores, é o nível de toxicidade. Na contramão do cenário mundial o glifosato teve sua toxicidade reclassificada e reduzida. Anteriormente 24 produtos à base do herbicida eram considerados “Extremamente tóxicos”. Hoje, não há produtos enquadrados em tal categoria.
Estudos de 2015 da Agência Internacional para pesquisa sobre Câncer (Iarc) da OMS concluiu que o glifosato era provavelmente cancerígeno para humanos. Outros estudos relacionam o uso do pesticida com o aparecimento de doenças como depressão, autismo, infertilidade, Alzheimer, Parkinson e câncer em diversas partes do corpo.
Na Europa, países como a Áustria, França e a Alemanha apresentaram propostas para o banimento do uso de glifosato. A Áustria baniu a sua utilização enquanto que a França encerrará o uso em 2020 e a Alemanha, por sua vez, em 2023.
Neste sentido, o ano de 2020 será marcado por uma atenção especial ao tipo de alimento que colocamos em nossas casas e nos locais que frequentamos. Alimentos orgânicos, biodinâmicos, PANCs e produções agroflorestais estarão em alta.
A dica é: faça um roteiro de feiras-livres da sua cidade e pergunte aos feirantes sobre a origem e o cultivo dos ingredientes. Além de poupar, você leva mais qualidade e saúde para casa.
Não vamos falar sobre plant-based neste tópico. Este é um assunto para uma pauta única que em breve postaremos aqui.
Desde agosto de 2019 a população brasileira enfrenta o aumento do preço das carnes bovinas em mercados e açougues. Este aumento foi puxado pelo crescimento das exportações para mercados internacionais, em especial a China. O aumento é nítido e beira a casa dos 40% para o consumidor final.
Isto quer dizer que não somente os consumidores finais são atingidos por estes reajustes. Bares, restaurantes, hotéis, padarias e lanchonetes estão no mesmo contexto que nós. Ou seja, com o aumento do preço da carne bovina, a busca por alternativas será mais do que evidente.
Em um mercado que a carne de gado está inflacionada, outros tipos de carnes como a de porco e a de frango ganharão ainda mais espaço nos cardápios profissionais e domésticos.
O que mais esperar? Fique atento aos preços praticados pelos locais que você costuma frequentar. O reajuste do valor das carnes não deve ser o mesmo para todos os tipos. Sendo assim, reajustes do mesmo % sobre carnes de outros tipos não devem ser iguais aos da carne bovina. Trocando em miúdos: não compre um prato de carne de porco ou frango pelo preço da carne bovina. Ah, miúdos: estarão em alta também. O “saber fazer” que diz respeito aos cortes não nobres serão relevantes tanto para fins domésticos quanto profissionais em virtude do seu potencial valor agregado, rendimento e ineditismo (poucos produtos disponíveis devido a não utilização).
Nossos desejos e necessidades estão em constante transformação. A transição do momento é a denominada me to we. Uma cultura de produção e consumo que preza pela construção de valores sociais, ambientais e políticos.
Aqui, o modelo tradicionalista de Venn, que diz respeito à desejos, viabilidade e exequibilidade, se torna passível de evolução ao considerarmos os demais valores mencionados anteriormente.
Isto quer dizer que as organizações devem estar preparadas para não fazer uma segmentação do ecossistema do seu usuário e da sua organização. Ele deve ser tratado enquanto único. Onde o modo de ver e agir holístico priorizem o bem-estar pessoal e coletivo simultaneamente.
Podemos esperar empresas mais engajadas com aquilo que consideramos importantes. Engajadas com ações que minimizem o impacto do lixo produzido pelo estabelecimento, atividades culturais que priorizem o saber local, programas de bem-estar para funcionários e ações de integração e constituição de micro-comunidades em torno dos empreendimentos. Estas são as máximas para aumentar o engajamento dos consumidores e contemplar os valores sociais, ambientais e políticos que enunciamos no início deste ponto.
O denominado “Próximos Onze” ou Next 11 é o conjunto de países identificados pela Goldman Sachs como potências econômicas para figurar junto aos BRICs. É constituído por Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Coréia do Sul, Turquia e Vietnã.
O que isso importa para a Alimentação?
Em um cenário que preza pela diferenciação mercadológica o tipo do alimento, a “receita”, a cultura se tornam grandes meios para alcançar novos mercados e manter os já existentes.
A midiatização da Gastronomia (Netflix much?) tem acelerado este processo de conhecer e reconhecer diferentes tipos de culturas, ingredientes e profissionais – o que nos leva ao ponto: países em crescimento e evidência (ou ambos) servirão de inspiração para que o mundo gastronômico busque novas formas de servir as comunidades locais.
Já vimos isto acontecer com a gastronomia peruana, chinesa, italiana, japonesa, espanhola. Neste sentido notamos que há um mercado amplo e inexplorado para a adaptação de novos produtos, modelos de negócio e estabelecimentos que tragam estas influências para cá.
Para quem se interessa: as gastronomias em questão não possuem um custo elevado, ou seja, são perfeitamente viáveis desde que haja uma curadoria e um bom projeto inicial.
Existem milhares de estudos relacionados ao comportamento do consumidor, à combinação de ingredientes e análises sensoriais. Estes dados em conjunto com a produção de novas pesquisas, darão vazão a nova era de digitalização de dados onde conhecimento será, ainda, poder.
Um poder diferente que a grande Indústria já detém e que começa a respingar nas nossas portas e negócios.
A inteligência artificial aplicada na alimentação mudará a forma como plantamos, colhemos, transportamos e confeccionamos novos produtos. Isto quer dizer que teremos um nível de personalização dos produtos e serviços não antes vistos no mercado.
Tais tecnologias serão especialmente importantes para antecipar flutuações de mercado, gerar novos produtos com base em tendências locais (e não globais) e um aumento de desempenho não antes visto com a utilização de algoritmos que visam a redução do desperdício e criação de estratégias de antecipação para diferentes cenários.
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1 comment on “5 Tendências Gastronômicas para 2020 baseadas em fatos”
FelixSays 2020-01-28 at 17:45
👏👏👏 Mestre.